quarta-feira, 4 de julho de 2007

CONSCIENTIZAÇÃO....



Entre a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX, o modo de produção havia mudado. O que Le Corbusier chamara de "Sociedade Maquinista" estruturara uma categoria social que a imensa maioria dos arquitetos se obstinava em ignorar, mas a qual a vanguarda arquitetônica considerava com razão como sua clientela potencial, não enquanto indivíduos, mas enquanto grupo social ocupando um lugar preciso na sociedade. Assim se passou de uma arquitetura reservada às realizações únicas e excepicionais à arquitetura aplicada à solução das necessidades desse novo cliente coletivo constituído basicamente dos trabalhadores nas indústrias e escritórios.

Grandes parcelas da população acreditam na iminência das das transformaçoes sociais e políticas fundamentais. Na Hungria, na Alemanha, faltou pouco para que essas transformações se realizassem e a repressão que se seguiu a esses fracassos avivou a vontade de mudar. Dessa época, tenta-se reter apenas o aspecto dos "anos loucos", da busca desenfreada dos prazeres após o grande pavor da guerra, que é um dos componentes do estilo "Arts-Déco". Mas o outro aspecto, o da crença profunda nas transformações iminentes, foi sem dúvida alguma mais importante entre as massas despossuídas e entre cretos intelectuais (entre os quais arquitetos e urbanistas) que nesse momento se aliaram ao movimento operário.

O nível relativamente baixo de urbanização e industrialização detém a tomada de consciência desses problemas por um maior número de pessoas, mas os arquitetos do movimento "moderno", que se contam nos dedos da mão, não desistem de imaginart soluções arquitetôncias e urbanas para uma demanda que ainda não se expressa, mas que pressentem próxima.




E é esse conceito fundamental de "cultura do modo de vida" que estará na base de todas as teorias arquitetônicas e artísticas da década de 20. É ele que faz nascer na arquitetura formas de habitação inteiramente novas e fundadas sobre as idéias que os revolucionários - alguns deles, pelo menos - faziam da sociedade do futuro. Para construir essa sociedade fundada, nas novas relações entre os indivíduos, grupos sociais e sexos, era indispensável transformar hábitos e comportamentos forjados pela sociedade antiga. E os realizadores dessa revolução arquitetônica nos anos 20 e 30, tentaram encontrar formas que não estivessem em contradição com materiais e técnicas surgidas na época de Revolução Industrial, mas al contrário, queriam que se harmonizasse com elas; e juntos com outros, fizeram explodir o espaço geométrico fechado e abrigaram-no para o exterior, para a luz, o verde; para eles,a função da arquitetura não se limitava à satisfação das necessidades biológicas primárias; consideravam sua função exatamente como de parteiros de uma sociedade nova na qual o que Le Corbusier chamava das "Alegrias Essenciais" não seria um privilégio, mas sim um direito...

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