quinta-feira, 31 de maio de 2007

EFEITOS DESSAS TRANSFORMAÇÕES



O crescimento extremamente rápido das cidades na época industrial produz a transformação do núcleo anterior - que se torna o centro do novo organismo -, e a formação ao redor deste núcleo, de uma nova faixa construída: A PERIFERIA.
O núcleo já tem uma estrutura formada, mas não pode mais tornar-se o centro de um aglomerado humano muito maior: as ruas são demasiado estreitas para conter o trânsito em aumento, as casas são demasiada diminutas e compactas para hospedar sem inconvenientes uma população mais densa. Assim, as classes abastadas abandonam gradualmente o centro e se estabelecem na periferia; as velhas casas se tornam casebres onde se amontoam os pobres e os recém imigrados.
Os efeitos destas transformações se somam e se tornam mais graves por volta de meados do século XIX. A periferia torna-se então um teritório livre onde se somam um grande número de iniciativas independentes: bairros de luxo, bairros pobres, industriais, depósitos, instalações técnicas, etc.
Uma descrição do centro de Manchester publicada por Engels, em 1845:
"As ruas, mesmo as melhores, são estreitas e tortuosas; as casas sujas, velhas, em ruínas, e o aspecto das ruas é absolutamente horrível(...); aqui estamos num bairro quase que exclusivamente operário, porque também as lojas e as tabernas não se dão ao trabalho de parecerem um pouco asseadas. Mas isso ainda não é nada em comparação com as vielas e os pátios que se desdobram por trás delas, e aos quais se chega somente por meio de estreitas passagens cobertas através dos quais não passam nem duas pessoas uma do lado da outra. É difícil imaginar a desordenada mistura de casas, que troça de toda urbanística racional, o amontoamento, pois estão literalmente encostadas umas às outras. Em tempos mais recentes a confusão chegou ao máximo, pois onde quer que houvesse um pedacinho de espaço entre as construções precedentes, continuou-se a construir e a remendaram até tirar de entre as casas, a última polegada de terra livre ainda suscetível de ser utilizada. Muitas delas são piores do que se possa imaginar, totalmente desprovidas de esgotos comuns. As casas geralmente têm dois andares; as fundações muitas vezes colocadas diretamente sobre a zona herbosa e sobre terreno vegetal, e não existe qualquer ventilação entre os pavimentos dos locais de habitação e o terreno não drenado que se encontra imadiatamente abaixo. A água abre seu caminho sob as casas e, unida aos líquidos que saem das fossas negras, frequentemente vem à tona com vapores nocivos que facilmente chegam à sala de estar."

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